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Os Supridores
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Eis um romance para acabar com a falácia – ou, ao menos, colocar em xeque – do empreendedorismo. Com sagacidade, acidez e, em certa medida, um didatismo, o gaúcho José Falero expõe caminhos tortuosos do pequeno capital numa sátira policial, marcada pela linguagem viva da periferia. Pedro é sonhador e marxista – acredita na distribuição de renda, entre outras coisas. Trabalha numa loja de uma grande rede de supermercado, onde com um parça, Marques, criou um esquema de roubo de mercadorias, a maioria para consumo próprio, que compartilha com alguns colegas de trabalho.
Mas, cansado, da vidinha ruim sem dinheiro e cheia de exploração, ele concebe um esquema para vender maconha em Porto Alegre. Por incrível que pareça, existe mais procura do que distribuição – os traficantes estão interessados em produtos mais pesados e lucrativos. Em com essa demanda, a dupla encontra seu nicho. Pedro, como bom comunista, resolve que todos que entrarem no esquema – mais dos sujeitos, e a mulher de Marques, receberão partes iguais, como se todos fossem sócios. O negócio prospera, cresce em níveis que eles nem mesmos esperavam, mas é, obviamente, arriscado.
É bem-vindo como Os Supridores coloca no mapa da literatura nacional a periferia de Porto Alegre – quando o que mais se conhece do Rio Grande do Sul é a prosa urbana de classe média ou o lirismo dos rincões profundos. Embora passa parecer uma de um Tarantino misturado com Palahniuk, e, digamos, atravessado por Ferréz, Falero tem sua própria assinatura, sua prosa é uma metralhadora giratória, e, assim, cria um romance tenso e divertido, de leitura altamente fluida, que nos permite fazer (com gosto) vista grossa a alguma coisa meio implausível que talvez exista ali no meio. A crítica ao mito (ou ideologia, que seja) do empreendedor que sobe na vida com seu pequeno negócio e muito esforço é ácida, e a trama, cada vez mais improvável, deixa claro como essa ideia é exatamente um exagero que se vende para alimentar esperanças num sistema que jamais dá espaço para esse tipo de subida. Não será surpresa se, em algum momento, “Os supridores” for adaptado para uma série.
Mas, cansado, da vidinha ruim sem dinheiro e cheia de exploração, ele concebe um esquema para vender maconha em Porto Alegre. Por incrível que pareça, existe mais procura do que distribuição – os traficantes estão interessados em produtos mais pesados e lucrativos. Em com essa demanda, a dupla encontra seu nicho. Pedro, como bom comunista, resolve que todos que entrarem no esquema – mais dos sujeitos, e a mulher de Marques, receberão partes iguais, como se todos fossem sócios. O negócio prospera, cresce em níveis que eles nem mesmos esperavam, mas é, obviamente, arriscado.
É bem-vindo como Os Supridores coloca no mapa da literatura nacional a periferia de Porto Alegre – quando o que mais se conhece do Rio Grande do Sul é a prosa urbana de classe média ou o lirismo dos rincões profundos. Embora passa parecer uma de um Tarantino misturado com Palahniuk, e, digamos, atravessado por Ferréz, Falero tem sua própria assinatura, sua prosa é uma metralhadora giratória, e, assim, cria um romance tenso e divertido, de leitura altamente fluida, que nos permite fazer (com gosto) vista grossa a alguma coisa meio implausível que talvez exista ali no meio. A crítica ao mito (ou ideologia, que seja) do empreendedor que sobe na vida com seu pequeno negócio e muito esforço é ácida, e a trama, cada vez mais improvável, deixa claro como essa ideia é exatamente um exagero que se vende para alimentar esperanças num sistema que jamais dá espaço para esse tipo de subida. Não será surpresa se, em algum momento, “Os supridores” for adaptado para uma série.
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Os Supridores.
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