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Os Supridores
Com este seu primeiro romance, José Falero já se apresenta como um dos nomes mais relevantes da nova literatura brasileira. Ao criar um narrador culto e perspicaz ― que contrasta com o dialeto a um só tempo urbano e filosófico da periferia ―, o autor mostra seu talento incomum, fazendo uma verdadeira arqueologia da pobreza. Falero nos leva direto ao supermercado Fênix, na região central de Porto Alegre. É ali que trabalham Pedro e Marques, dupla que aos poucos veste a carapuça de um Dom Quixote e de um Sancho Pança amotinados. Moradores de "vila" (a favela no Sul), eles invertem o jogo mesmo que as consequências sejam graves. "Preciso dar um jeito de experimentar as coisa que faz a existência valer a pena, e não vai ser trabalhando que eu vou conseguir isso." Os dois conhecem pessoas que traficam na periferia onde moram, por isso insistem em se manter na legalidade. Mas, diante de uma "seca" de maconha devido ao desinteresse dos traficantes em comercializá-la, e já cansados da exploração do trabalho, os dois amigos decidem entrar para o tráfico. É a única opção para melhorar de vida. E também uma recusa à desumanização do trabalho assalariado. Uma recusa a todo o processo de exploração.
304 pages, Paperback
First published January 1, 2020
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Community Reviews
Displaying 1 - 30 of 196 reviews
May 31, 2021
Criei muita expectativa antes de ler esse livro (o que costuma nunca ter um bom desfecho), e ainda assim José Falero consegue superar todas elas. Com uma escrita fluida, nada presunçosa e muito espirituosa (o homem não perde uma!!), o autor nos conduz pela história de Pedro e Marques, que apesar de serem nossos protagonistas não tecem essa história sozinhos.
Se a escrita do Falero é incrível e me prendeu desde as primeiras páginas, certamente o fato de que a história transcorre na minha cidade, em bairros por onde circulo, em regiões onde trabalhei, trouxe a narrativa pra muito perto de mim, e eu conseguia visualizar os supridores Pedro e Marques como pessoas que conduziam essa trama ao mesmo tempo em que cruzavam por mim atravessando qualquer rua da capital. Mas definitivamente não é por ser meu conterrâneo que a história ganha charme - em qualquer lugar desse brasilzão esse seria um baita livro.
Confesso que as muitas páginas gastas explicando o beabá da luta de classes (assim, como quem não quer nada, incutindo devagar o ódio ao capital hahaha) também acrescentaram valor. Mas acredito que a maior potência desse livro seja a forma como ele te permite viver as angústias e celebrações junto das personagens, muito longe de qualquer moralismo que poderia acompanhar uma história sobre dois supridores que acabam adentrando o mundo do tráfico de drogas. Estereótipos e lugares-comuns frequentemente associados à questão? Falero com maestria não apenas se afasta deles, mas aprofunda trazendo outras perspectivas possíveis e construindo a individualidade de cada participante dessa história. É um livro pra ser lido por todo mundo até o momento em que o autor resolva nos presentear com o próximo.
Se a escrita do Falero é incrível e me prendeu desde as primeiras páginas, certamente o fato de que a história transcorre na minha cidade, em bairros por onde circulo, em regiões onde trabalhei, trouxe a narrativa pra muito perto de mim, e eu conseguia visualizar os supridores Pedro e Marques como pessoas que conduziam essa trama ao mesmo tempo em que cruzavam por mim atravessando qualquer rua da capital. Mas definitivamente não é por ser meu conterrâneo que a história ganha charme - em qualquer lugar desse brasilzão esse seria um baita livro.
Confesso que as muitas páginas gastas explicando o beabá da luta de classes (assim, como quem não quer nada, incutindo devagar o ódio ao capital hahaha) também acrescentaram valor. Mas acredito que a maior potência desse livro seja a forma como ele te permite viver as angústias e celebrações junto das personagens, muito longe de qualquer moralismo que poderia acompanhar uma história sobre dois supridores que acabam adentrando o mundo do tráfico de drogas. Estereótipos e lugares-comuns frequentemente associados à questão? Falero com maestria não apenas se afasta deles, mas aprofunda trazendo outras perspectivas possíveis e construindo a individualidade de cada participante dessa história. É um livro pra ser lido por todo mundo até o momento em que o autor resolva nos presentear com o próximo.
April 10, 2022
eu AMEI essa leitura!!!
adorei conhecer a escrita do José, q é mt bem trabalhada e facilmente te conecta aos personagens dessa história. logo no começo, me peguei gostando deles e torcendo pra q saíssem logo dessa situação MERDA na qual eles se colocaram. cada um ali tem sua propria história, seu próprio jeito d falar e suas ambições, o q faz com q tudo fique muito relacionavel
ao longo d toda essa montanha russa d emoções, eu me peguei desesperado pra saber o final. fiquei completamente viciado no livro e não conseguia largar!!! fui dormir 4h da manhã, doido p terminar logo
adorei conhecer a escrita do José, q é mt bem trabalhada e facilmente te conecta aos personagens dessa história. logo no começo, me peguei gostando deles e torcendo pra q saíssem logo dessa situação MERDA na qual eles se colocaram. cada um ali tem sua propria história, seu próprio jeito d falar e suas ambições, o q faz com q tudo fique muito relacionavel
ao longo d toda essa montanha russa d emoções, eu me peguei desesperado pra saber o final. fiquei completamente viciado no livro e não conseguia largar!!! fui dormir 4h da manhã, doido p terminar logo
July 1, 2023
Eu não sabia o que esperar desse livro. Vi há um tempo uma recomendação calorosa do Alec, e tinha lido por cima a sinopse. O audiobook tinha sido lançado com narração do próprio autor, então por que não, né?
E uau.
UAU.
Alguns momentos de "Os supridores" se lê quase como se fosse um thriller, de tantas coisas que são colocadas em jogo. Algumas cenas evoluem para um nível em que tudo fica prestes a explodir... E alguma hora a bomba não segura mais.
O livro fala sobre dois supridores de supermercado que sonham em mudar de vida. São pobres, vivem na periferia de Porto Alegre e aguentam de tudo para manter aquele emprego. Um deles é fiel aos ensinamentos de Marx, e já nos primeiros capítulos explica o conceito de mais-valia e exploração da força de trabalho ao outro. É uma das melhores cenas que já li, os diálogos são no ponto — no audiobook, com a camada adicional do sotaque, fica ainda melhor! A partir dessas discussões, percebem que nunca vão crescer de fato se se limitarem àquela função. Precisam de algo que seja lucrativo... A venda de maconha.
Logo decidem chamar outras pessoas para ajudar nas vendas, e fazem isso em paralelo com o trabalho de supridores. Nisso, o livro lança a chama de discussões valiosíssimas, como o verdadeiro significado de justiça (e como ele se aplica de forma diferente conforme a classe social), a guerra às drogas, o problema das prisões, e as falácias do sistema capitalista para manter a alienação dos trabalhadores. Se eu gostasse de direito penal, faria um artigo analisando algumas cenas do livro, porque olha... Dá muito pano para a manga, ainda mais no âmbito jurídico.
Quando vi, terminei o livro em três dias, fechando fevereiro com uma leitura de tirar o fôlego. Literalmente soltei o ar que não sabia que estava segurando em alguns momentos.
Recomendo DEMAIS!
E uau.
UAU.
Alguns momentos de "Os supridores" se lê quase como se fosse um thriller, de tantas coisas que são colocadas em jogo. Algumas cenas evoluem para um nível em que tudo fica prestes a explodir... E alguma hora a bomba não segura mais.
O livro fala sobre dois supridores de supermercado que sonham em mudar de vida. São pobres, vivem na periferia de Porto Alegre e aguentam de tudo para manter aquele emprego. Um deles é fiel aos ensinamentos de Marx, e já nos primeiros capítulos explica o conceito de mais-valia e exploração da força de trabalho ao outro. É uma das melhores cenas que já li, os diálogos são no ponto — no audiobook, com a camada adicional do sotaque, fica ainda melhor! A partir dessas discussões, percebem que nunca vão crescer de fato se se limitarem àquela função. Precisam de algo que seja lucrativo... A venda de maconha.
Logo decidem chamar outras pessoas para ajudar nas vendas, e fazem isso em paralelo com o trabalho de supridores. Nisso, o livro lança a chama de discussões valiosíssimas, como o verdadeiro significado de justiça (e como ele se aplica de forma diferente conforme a classe social), a guerra às drogas, o problema das prisões, e as falácias do sistema capitalista para manter a alienação dos trabalhadores. Se eu gostasse de direito penal, faria um artigo analisando algumas cenas do livro, porque olha... Dá muito pano para a manga, ainda mais no âmbito jurídico.
Quando vi, terminei o livro em três dias, fechando fevereiro com uma leitura de tirar o fôlego. Literalmente soltei o ar que não sabia que estava segurando em alguns momentos.
Recomendo DEMAIS!
February 15, 2024
O bagulho é frenético!!
A história passa-se na periferia da cidade Porto Alegre, mas não deve ser muito diferente em outras cidades brasileiras. Bairros de lata – comunidades, favelas e/ou quebradas, como lhe quisermos chamar – onde a pobreza,
Me mostra alguém que tenha nascido pobre, pobre que nem a gente, e que depois tenha conseguido deixar de ser pobre sem praticar crime nenhum, e sem ganhar na loteria, é claro. Me mostra, sangue bom. Porque pra cada um que tu me mostrar, eu te mostro um milhão que pobre nascero e pobre morrero.
a violência
Nascera e se criara na Vila Campo da Tuca, bairro Partenon, vendo de perto a violência nas mais variadas formas, e seus amigos de lá — amigos de infância — tinham se tornado prostitutas, traficantes, ladrões, viciados, vigaristas ou, a exemplo dele, tinham assumido um posto de trabalho qualquer, na parte mais baixa da pirâmide social — da pesada pirâmide social.
e o tráfico de droga
Droga, droga mesmo, era de cocaína para cima.
são uma realidade diária.
Pedro e Marques são dois funcionários de supermercado que trabalham como supridores (repositores de supermercado). Apesar do seu empenho no trabalho, ambos chegam à conclusão de que não conseguem melhorar a sua posição social. Influenciado pelas suas leituras durante os trajectos de autocarro, Pedro adopta uma perspectiva marxista e convence Marques, que já tem um filho e uma esposa grávida, a juntar-se a ele na busca por uma vida mais próspera. Decidem, então, seguir pelo caminho da venda de maconha como uma forma de alcançar o enriquecimento.
O ritmo acelerado da narrativa proporciona uma leitura empolgante com muita acção e algum humor q.b.
A escrita combina duas linguagens diferentes: uma erudita e bem construída, outra com o uso virtuoso da oralidade, sotaque e gírias de POA.
Como diz Mário de Andrade em Macunaíma (…) nas duas línguas da terra, o brasileiro falado e o português escrito.
É um livro que fala sobre a dura realidade na periferia, de preconceito, marginalidade, ignorância e pobreza.
A história passa-se na periferia da cidade Porto Alegre, mas não deve ser muito diferente em outras cidades brasileiras. Bairros de lata – comunidades, favelas e/ou quebradas, como lhe quisermos chamar – onde a pobreza,
Me mostra alguém que tenha nascido pobre, pobre que nem a gente, e que depois tenha conseguido deixar de ser pobre sem praticar crime nenhum, e sem ganhar na loteria, é claro. Me mostra, sangue bom. Porque pra cada um que tu me mostrar, eu te mostro um milhão que pobre nascero e pobre morrero.
a violência
Nascera e se criara na Vila Campo da Tuca, bairro Partenon, vendo de perto a violência nas mais variadas formas, e seus amigos de lá — amigos de infância — tinham se tornado prostitutas, traficantes, ladrões, viciados, vigaristas ou, a exemplo dele, tinham assumido um posto de trabalho qualquer, na parte mais baixa da pirâmide social — da pesada pirâmide social.
e o tráfico de droga
Droga, droga mesmo, era de cocaína para cima.
são uma realidade diária.
Pedro e Marques são dois funcionários de supermercado que trabalham como supridores (repositores de supermercado). Apesar do seu empenho no trabalho, ambos chegam à conclusão de que não conseguem melhorar a sua posição social. Influenciado pelas suas leituras durante os trajectos de autocarro, Pedro adopta uma perspectiva marxista e convence Marques, que já tem um filho e uma esposa grávida, a juntar-se a ele na busca por uma vida mais próspera. Decidem, então, seguir pelo caminho da venda de maconha como uma forma de alcançar o enriquecimento.
O ritmo acelerado da narrativa proporciona uma leitura empolgante com muita acção e algum humor q.b.
A escrita combina duas linguagens diferentes: uma erudita e bem construída, outra com o uso virtuoso da oralidade, sotaque e gírias de POA.
Como diz Mário de Andrade em Macunaíma (…) nas duas línguas da terra, o brasileiro falado e o português escrito.
É um livro que fala sobre a dura realidade na periferia, de preconceito, marginalidade, ignorância e pobreza.
April 24, 2021
não sei o que escrever porque tô até agora triste. mas tri bom!
January 13, 2022
Finalista do Premio Jabuti 2021, Os Supridores é o romance de estreia de José Falero. Uma conquista singular para um autor, de 34 anos, que até os vinte, jamais lera um livro e, se não fosse por uma aposta com a irmã, provavelmente jamais leria e por conseguinte, descobriria o gosto pela literatura.
De caráter crítico e irreverente, a obra expõe uma conjuntura que o escritor viveu: ainda jovem, ele foi supridor ou repositor de supermercado na periferia de Porto Alegre, epicentro de outros dois outros romances contemporâneos – Marrom e Amarelo, de Parlo Scott, e O Avesso Da Pele, de Jeferson Tenório – que também desconstroem a ideia da capital gaúcha ser majoritariamente formada por uma população branca, de alta renda e ascendência europeia.
Em linhas gerais, Os Supridores expõe a saga de Pedro e Marques, dois pobretões que trabalham na rede Fênix de supermercados e pretendem virar o jogo, isto é, enriquecer vendendo maconha. Um nicho sem tanta concorrência e menos violento do que o disputado e mais lucrativo comércio de crack e cocaína.
Os dois têm sido comparados a uma versão brasileira de Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança, à medida que um representa o ideal e o outro o real. Entretanto, a semelhança entre Pedro e Sméagol, o hobbit corrompido por um anel de O Senhor dos Anéis, também impacta a leitura e é mencionada nas últimas páginas.
Aliás, o jovem é um leitor contumaz que, desencantado com a falta de oportunidades, resolve empreender, adotando uma perspectiva marxista que aprendeu nos livros; já Marques, “discípulo” e sócio do amigo, precisa urgentemente aumentar seus rendimentos, pois, casado e com um filho, sua esposa engravidou por acidente.
Reunindo humor e ironia, Os Supridores apresenta o retrato fiel do Brasil atual, trazendo à baila nossa assimetria socioeconômica, responsável pela falácia da meritocracia, a idealização do empreendedorismo e a desumanização do trabalho assalariado, desafios que colocam em xeque o capitalismo como solução.
Entre os destaques estão a fluidez narrativa e o perfeito equilibro entre cenas de ação e situações cômicas que levam o leitor para um desfecho eletrizante, minuciosamente construído. A sensação é que se está no centro dos acontecimentos, acompanhando cada movimento de um bom thriller carregado de tensão e suspense.
Outro elemento atrativo é a dupla linguagem empregada por Falero. A formal entremeia a historia, enquanto que a coloquial, a “linguagem das ruas”, é usada pelas personagens nos diálogos e pode até chocar o leitor mais desavisado ou desacostumado com seu emprego, tal qual causou celeuma, há poucos anos, o livro de contos Sol na Cabeça, de Geovani Martins.
Enfim, “não há canto de pássaro nem coisa alguma capaz de trazer magia à precariedade total.” (Página, 29)
Boa leitura!
De caráter crítico e irreverente, a obra expõe uma conjuntura que o escritor viveu: ainda jovem, ele foi supridor ou repositor de supermercado na periferia de Porto Alegre, epicentro de outros dois outros romances contemporâneos – Marrom e Amarelo, de Parlo Scott, e O Avesso Da Pele, de Jeferson Tenório – que também desconstroem a ideia da capital gaúcha ser majoritariamente formada por uma população branca, de alta renda e ascendência europeia.
Em linhas gerais, Os Supridores expõe a saga de Pedro e Marques, dois pobretões que trabalham na rede Fênix de supermercados e pretendem virar o jogo, isto é, enriquecer vendendo maconha. Um nicho sem tanta concorrência e menos violento do que o disputado e mais lucrativo comércio de crack e cocaína.
Os dois têm sido comparados a uma versão brasileira de Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança, à medida que um representa o ideal e o outro o real. Entretanto, a semelhança entre Pedro e Sméagol, o hobbit corrompido por um anel de O Senhor dos Anéis, também impacta a leitura e é mencionada nas últimas páginas.
Aliás, o jovem é um leitor contumaz que, desencantado com a falta de oportunidades, resolve empreender, adotando uma perspectiva marxista que aprendeu nos livros; já Marques, “discípulo” e sócio do amigo, precisa urgentemente aumentar seus rendimentos, pois, casado e com um filho, sua esposa engravidou por acidente.
Reunindo humor e ironia, Os Supridores apresenta o retrato fiel do Brasil atual, trazendo à baila nossa assimetria socioeconômica, responsável pela falácia da meritocracia, a idealização do empreendedorismo e a desumanização do trabalho assalariado, desafios que colocam em xeque o capitalismo como solução.
Entre os destaques estão a fluidez narrativa e o perfeito equilibro entre cenas de ação e situações cômicas que levam o leitor para um desfecho eletrizante, minuciosamente construído. A sensação é que se está no centro dos acontecimentos, acompanhando cada movimento de um bom thriller carregado de tensão e suspense.
Outro elemento atrativo é a dupla linguagem empregada por Falero. A formal entremeia a historia, enquanto que a coloquial, a “linguagem das ruas”, é usada pelas personagens nos diálogos e pode até chocar o leitor mais desavisado ou desacostumado com seu emprego, tal qual causou celeuma, há poucos anos, o livro de contos Sol na Cabeça, de Geovani Martins.
Enfim, “não há canto de pássaro nem coisa alguma capaz de trazer magia à precariedade total.” (Página, 29)
Boa leitura!
November 8, 2023
Pedro se define como um anomalia: de origem pobre, periférico, preto e ainda assim com acesso a informação, estudado, inteligente. Alia-se a seu colega Marques, que também é pobre. Os dois compartilham o mesmo interesse, a vontade de ganhar muito dinheiro e mudar de vida, e por isso decidem que, em paralelo a sua função de supridores em um mercadinho, vão também comprar e revender maconha.
Este livro deveria ser leitura recomendada em qualquer colégio, não só pelo brilhante uso da oralidade ou pela capacidade de resumir a luta de classes em diálogos geniais e super didáticos, mas acima de tudo porque é um baita livro.
A forma como a trama se desenrola, os personagens, os diálogos. É até difícil escolher o que eu mais gostei entre todos estes elementos. José Falero é sem dúvida um autor pra ficar de olho, daqueles que a gente fica esperando pelo próximo lançamento.
Este livro deveria ser leitura recomendada em qualquer colégio, não só pelo brilhante uso da oralidade ou pela capacidade de resumir a luta de classes em diálogos geniais e super didáticos, mas acima de tudo porque é um baita livro.
A forma como a trama se desenrola, os personagens, os diálogos. É até difícil escolher o que eu mais gostei entre todos estes elementos. José Falero é sem dúvida um autor pra ficar de olho, daqueles que a gente fica esperando pelo próximo lançamento.
January 24, 2021
Que bela surpresa foi a estreia de José Falero. Com uma escrita envolvente e direta, o autor consegue transpor em palavras as situações tanto diárias como morais daqueles que se veem envolvidos à margem da lei, de modo que, o romance possui um ritmo rápido e próprio, sendo prazerosa a aventura que acompanhamos junto aos protagonistas Pedro e Marques.
Ambientada na periferia de Porto Alegre, acompanharemos dois supridores ou repositores de um supermercado, que, tentando sair da vida miserável que levam, se envolvem no tráfico e tudo daquilo que pode advir dele, desta forma, com o caos imperando, acompanharemos um caleidoscópio de acontecimentos a partir dessa decisão.
Ainda que a obra se assemelhe aos thrilles, o autor consegue trazer sempre mais camadas, fazendo com que a obra não seja previsível, sendo, assim, uma ótima estreia de quem parece ter muito a dizer. Fica a recomendação.
Ambientada na periferia de Porto Alegre, acompanharemos dois supridores ou repositores de um supermercado, que, tentando sair da vida miserável que levam, se envolvem no tráfico e tudo daquilo que pode advir dele, desta forma, com o caos imperando, acompanharemos um caleidoscópio de acontecimentos a partir dessa decisão.
Ainda que a obra se assemelhe aos thrilles, o autor consegue trazer sempre mais camadas, fazendo com que a obra não seja previsível, sendo, assim, uma ótima estreia de quem parece ter muito a dizer. Fica a recomendação.
November 30, 2021
Um dos melhores livros que li esse ano, sem sombra de dúvidas.
Diálogos realistas, numa dicção muito bem elaborada e com uma trama envolvente.
Diálogos realistas, numa dicção muito bem elaborada e com uma trama envolvente.
September 6, 2024
Falero BRINCOU na construção da narrativa e desenvolvimento dos personagens. Papo 10, vai ser um livro que vou presentear geral!!!!!!!
January 10, 2022
Eis um romance para acabar com a falácia – ou, ao menos, colocar em xeque – do empreendedorismo. Com sagacidade, acidez e, em certa medida, um didatismo, o gaúcho José Falero expõe caminhos tortuosos do pequeno capital numa sátira policial, marcada pela linguagem viva da periferia. Pedro é sonhador e marxista – acredita na distribuição de renda, entre outras coisas. Trabalha numa loja de uma grande rede de supermercado, onde com um parça, Marques, criou um esquema de roubo de mercadorias, a maioria para consumo próprio, que compartilha com alguns colegas de trabalho.
Mas, cansado, da vidinha ruim sem dinheiro e cheia de exploração, ele concebe um esquema para vender maconha em Porto Alegre. Por incrível que pareça, existe mais procura do que distribuição – os traficantes estão interessados em produtos mais pesados e lucrativos. Em com essa demanda, a dupla encontra seu nicho. Pedro, como bom comunista, resolve que todos que entrarem no esquema – mais dos sujeitos, e a mulher de Marques, receberão partes iguais, como se todos fossem sócios. O negócio prospera, cresce em níveis que eles nem mesmos esperavam, mas é, obviamente, arriscado.
É bem-vindo como Os Supridores coloca no mapa da literatura nacional a periferia de Porto Alegre – quando o que mais se conhece do Rio Grande do Sul é a prosa urbana de classe média ou o lirismo dos rincões profundos. Embora passa parecer uma de um Tarantino misturado com Palahniuk, e, digamos, atravessado por Ferréz, Falero tem sua própria assinatura, sua prosa é uma metralhadora giratória, e, assim, cria um romance tenso e divertido, de leitura altamente fluida, que nos permite fazer (com gosto) vista grossa a alguma coisa meio implausível que talvez exista ali no meio. A crítica ao mito (ou ideologia, que seja) do empreendedor que sobe na vida com seu pequeno negócio e muito esforço é ácida, e a trama, cada vez mais improvável, deixa claro como essa ideia é exatamente um exagero que se vende para alimentar esperanças num sistema que jamais dá espaço para esse tipo de subida. Não será surpresa se, em algum momento, “Os supridores” for adaptado para uma série.
Mas, cansado, da vidinha ruim sem dinheiro e cheia de exploração, ele concebe um esquema para vender maconha em Porto Alegre. Por incrível que pareça, existe mais procura do que distribuição – os traficantes estão interessados em produtos mais pesados e lucrativos. Em com essa demanda, a dupla encontra seu nicho. Pedro, como bom comunista, resolve que todos que entrarem no esquema – mais dos sujeitos, e a mulher de Marques, receberão partes iguais, como se todos fossem sócios. O negócio prospera, cresce em níveis que eles nem mesmos esperavam, mas é, obviamente, arriscado.
É bem-vindo como Os Supridores coloca no mapa da literatura nacional a periferia de Porto Alegre – quando o que mais se conhece do Rio Grande do Sul é a prosa urbana de classe média ou o lirismo dos rincões profundos. Embora passa parecer uma de um Tarantino misturado com Palahniuk, e, digamos, atravessado por Ferréz, Falero tem sua própria assinatura, sua prosa é uma metralhadora giratória, e, assim, cria um romance tenso e divertido, de leitura altamente fluida, que nos permite fazer (com gosto) vista grossa a alguma coisa meio implausível que talvez exista ali no meio. A crítica ao mito (ou ideologia, que seja) do empreendedor que sobe na vida com seu pequeno negócio e muito esforço é ácida, e a trama, cada vez mais improvável, deixa claro como essa ideia é exatamente um exagero que se vende para alimentar esperanças num sistema que jamais dá espaço para esse tipo de subida. Não será surpresa se, em algum momento, “Os supridores” for adaptado para uma série.
March 14, 2022
Um livro para desbancar a fábula da meritocracia, bem como explicitar a hipocrisia social.
Adorei como os personagens são construidos, sua vida ferrada é exposta nos mínimos detalhes, e os perrengues que insistem em estarem sempre presente. Poucas coisas nesse livro me parecem pouco críveis, estando mais relacionado a facilidade com que começaram sua peregrinação, do que com o desenrolar da trama. Mas afinal se faz necessário a expectativa que tudo vai dar certo, para que o leitor se ligue ainda mais aos personagens. Eu estava sempre na espera de a casa cair para eles, e o nome dos capítulos não ajudava nenhum pouco nesse sentido.
Escrevendo essa resenha percebo o quão redondo o autor encerrou essa obra, sem pontas soltas, sem faltar o que se espera do tráfico. É uma leitura excelente, fluída e que é capaz de apresentar em exemplos para alguns "acontecimentos" sociais e para pensamentos do senso comum, bem como, para expor alguns benefícios de algumas ideologias.
PS.: O final é bom, mas o que me ganhou mesmo foi a fábula da sopa e como ela entrega o desfecho da história.
Adorei como os personagens são construidos, sua vida ferrada é exposta nos mínimos detalhes, e os perrengues que insistem em estarem sempre presente. Poucas coisas nesse livro me parecem pouco críveis, estando mais relacionado a facilidade com que começaram sua peregrinação, do que com o desenrolar da trama. Mas afinal se faz necessário a expectativa que tudo vai dar certo, para que o leitor se ligue ainda mais aos personagens. Eu estava sempre na espera de a casa cair para eles, e o nome dos capítulos não ajudava nenhum pouco nesse sentido.
Escrevendo essa resenha percebo o quão redondo o autor encerrou essa obra, sem pontas soltas, sem faltar o que se espera do tráfico. É uma leitura excelente, fluída e que é capaz de apresentar em exemplos para alguns "acontecimentos" sociais e para pensamentos do senso comum, bem como, para expor alguns benefícios de algumas ideologias.
PS.: O final é bom, mas o que me ganhou mesmo foi a fábula da sopa e como ela entrega o desfecho da história.
December 6, 2021
Um dos grandes livros do meu 2021, sem dúvidas. Algumas pessoas foram me recomendando, o livro foi aparecendo cada vez mais e depois de encontrá-lo pessoalmente em quase todas as bancas da feira do livro eu decidi que era um sinal bastante óbvio de que eu deveria ler. E que bom que eu ouvi as recomendações e conheci essa narrativa. Acredito que pelo livro se ambientar em Porto Alegre ganha uma sensação afetiva diferente, de encontro próximo, de conhecer os lugares citados e conseguir realmente imaginar essa história tomando forma na cidade.
A construção da narrativa é, também, incrível. O autor apresenta personagens complexos e humanos em todas as suas frentes. A percepção de serem pessoas reais indica a grande construção existente por trás de todos que cruzam as páginas dos livros. Para mim essa realidade e densidade de personagens é um dos pontos que eu mais amo na literatura e encontrei isso de forma excepcional em Os Supridores. Falero traz a temática do tráfico de drogas de uma forma que foge de moralismos, discussões rasas e estereotipadas. Essa característica, para mim, é um dos pontos mais fortes desse livro. É com maestria que o autor desenvolve uma narrativa que provoca o leitor de diferentes formas, que faz pensar, refletir e se envolver com tudo o que está sendo vivenciado pelos personagens.
Incrível, incrível, incrível
Quero ler mais do autor para ontem já
A construção da narrativa é, também, incrível. O autor apresenta personagens complexos e humanos em todas as suas frentes. A percepção de serem pessoas reais indica a grande construção existente por trás de todos que cruzam as páginas dos livros. Para mim essa realidade e densidade de personagens é um dos pontos que eu mais amo na literatura e encontrei isso de forma excepcional em Os Supridores. Falero traz a temática do tráfico de drogas de uma forma que foge de moralismos, discussões rasas e estereotipadas. Essa característica, para mim, é um dos pontos mais fortes desse livro. É com maestria que o autor desenvolve uma narrativa que provoca o leitor de diferentes formas, que faz pensar, refletir e se envolver com tudo o que está sendo vivenciado pelos personagens.
Incrível, incrível, incrível
Quero ler mais do autor para ontem já
February 16, 2022
Eu tô sem palavras agora que acabei esse livro. Incrível!
October 4, 2022
Temos aqui uma espécie de Breaking Bad gaúcho, ou melhor, um Breaking Bah! Dois supridores de um supermercado periférico de Porto Alegre decidem traficar maconha para melhorarem de vida e saírem do ciclo de pobreza que suas famílias se encontram há várias gerações. Como o autor dificilmente optaria por glamourizar essa trajetória, a tensão da estória fica concentrada no quando e como isso vai dar ruim?
Daí que a narrativa segue um formato bem tradicional; linearidade 100%, poucas digressões para justificar comportamentos dos personagens, muitos diálogos rápidos que - teoricamente - emulam as gírias da periferia gaúcha, entre outros recursos comuns. Com exceção de Pedro, líder do grupo que vai se formando ao redor da iniciativa, que reverbera seu desejo de mudar de vida ao criticar a meritocracia e os privilégios de classe, os demais personagens poderiam trocar de nomes que ninguém se daria conta.
E nessa expectativa do quando e como, nossos cérebros reptilianos, ávidos por desgraças, vão nos empurrando para o final do livro e são brindados com um final bacana.
Nada muito inesperado e menos moralista do que se supunha, mas ainda assim um final que faz sentido (até porque a metáfora da sopa salgada faz um super sentido; leiam e descubram do que ela fala).
Daí que a narrativa segue um formato bem tradicional; linearidade 100%, poucas digressões para justificar comportamentos dos personagens, muitos diálogos rápidos que - teoricamente - emulam as gírias da periferia gaúcha, entre outros recursos comuns. Com exceção de Pedro, líder do grupo que vai se formando ao redor da iniciativa, que reverbera seu desejo de mudar de vida ao criticar a meritocracia e os privilégios de classe, os demais personagens poderiam trocar de nomes que ninguém se daria conta.
E nessa expectativa do quando e como, nossos cérebros reptilianos, ávidos por desgraças, vão nos empurrando para o final do livro e são brindados com um final bacana.
Nada muito inesperado e menos moralista do que se supunha, mas ainda assim um final que faz sentido (até porque a metáfora da sopa salgada faz um super sentido; leiam e descubram do que ela fala).
August 21, 2022
Pedro e Marques trabalham como supridores em um supermercado de Porto Alegre. Supridor é quem coloca os produtos nas gôndolas. Mas cansado da vida difícil, Pedro propõe ao amigo que comecem a traficar maconha e tentem melhorar de vida.
Eu gosto do personagem Pedro, de como ele é empolgado e inteligente, e de como consegue mudar os rumos da sua vida. E de como apresenta aos amigos um pouco de Marxismo, inclusive. Os demais personagens têm contornos menos desenvolvidos, mas o livro funciona apesar disso.
O que me incomoda é a facilidade de algumas soluções e também a guinada no terceiro ato. Parecia que o autor não tinha muita certeza sobre como acabar a história, só que tinha que seguir determinado caminho. E o trajeto até ali não foi dos melhores. Mas é um livro de leitura rápida e alguns capítulos são muito instigantes e queremos logo saber o que vai acontecer.
Eu gosto do personagem Pedro, de como ele é empolgado e inteligente, e de como consegue mudar os rumos da sua vida. E de como apresenta aos amigos um pouco de Marxismo, inclusive. Os demais personagens têm contornos menos desenvolvidos, mas o livro funciona apesar disso.
O que me incomoda é a facilidade de algumas soluções e também a guinada no terceiro ato. Parecia que o autor não tinha muita certeza sobre como acabar a história, só que tinha que seguir determinado caminho. E o trajeto até ali não foi dos melhores. Mas é um livro de leitura rápida e alguns capítulos são muito instigantes e queremos logo saber o que vai acontecer.
September 21, 2022
José Falero nos apresenta um retrato muito singular da pobreza e do tráfico de drogas, ao explorar a guinada na vida de dois supridores (repositores) de um supermercado de Porto Alegre que resolvem vender maconha para mudar de vida.
A pobreza é vista como um status quo quase imutável para os moradores da periferia que trabalham de forma digna, restando apenas alternativas moralmente questionáveis para mudança no padrão de vida. Essa realidade distorcida (será mesmo?) é o fio condutor para o supridor Pedro cooptar seu colega Marques no esquema de venda de drogas, prometendo uma nova vida para ambos, o que de fato se torna realidade em pouco tempo. O tráfico de drogas, por sua vez, é retratado de forma muito realista, sem a glamourização de seus ganhos, sempre visto como algo transitório para um fim maior. O autor aproveita esses ganchos para discutir as mazelas sociais de forma muito discreta e competente.
O livro é curto (300 páginas) e acho que é uma leitura bem interessante para conhecer mais um autor dessa nova safra promissora de escritores brasileiros, mas pra mim pecou em dois pontos. O primeiro é o estilo narrativo escolhido pelo autor, que intercala a norma dita culta com a linguagem oral, cheia de gírias e com a forma de falar da periferia, que não me agradou (talvez resquício da experiência ruim que tive lendo “O Sol na Cabeça”, de Geovani Martins). Além disso, Pedro é um personagem que praticamente implorava por uma veia cômica, que não deu as caras.
Avaliação Final: 8,0/10
Leitura Concluída: 31º livro de 2022
Próxima Leitura: “O Demônio na Cidade Branca” (Erik Larson)
A pobreza é vista como um status quo quase imutável para os moradores da periferia que trabalham de forma digna, restando apenas alternativas moralmente questionáveis para mudança no padrão de vida. Essa realidade distorcida (será mesmo?) é o fio condutor para o supridor Pedro cooptar seu colega Marques no esquema de venda de drogas, prometendo uma nova vida para ambos, o que de fato se torna realidade em pouco tempo. O tráfico de drogas, por sua vez, é retratado de forma muito realista, sem a glamourização de seus ganhos, sempre visto como algo transitório para um fim maior. O autor aproveita esses ganchos para discutir as mazelas sociais de forma muito discreta e competente.
O livro é curto (300 páginas) e acho que é uma leitura bem interessante para conhecer mais um autor dessa nova safra promissora de escritores brasileiros, mas pra mim pecou em dois pontos. O primeiro é o estilo narrativo escolhido pelo autor, que intercala a norma dita culta com a linguagem oral, cheia de gírias e com a forma de falar da periferia, que não me agradou (talvez resquício da experiência ruim que tive lendo “O Sol na Cabeça”, de Geovani Martins). Além disso, Pedro é um personagem que praticamente implorava por uma veia cômica, que não deu as caras.
Avaliação Final: 8,0/10
Leitura Concluída: 31º livro de 2022
Próxima Leitura: “O Demônio na Cidade Branca” (Erik Larson)
August 1, 2024
Que leitura incrível! Só não terminei antes porque alguns dias não tive tempo algum pra ler. Que narrativa cativante, cheia de reflexões, críticas sociais, e uma baita história inteligente. Já estava no meu radar há um tempo, tinha uma vaga ideia da trama, porém a maneira como a história é contada foi muito surpreendente, é sério, mas divertido em alguns momentos, é triste, revoltante, um soco na cara, mas de uma inteligência absurda. No mínimo faz a gente pensar sobre a situação injusta em que nossa sociedade está posta.
December 1, 2023
no começo, fiquei hipnotizado pela historia. ela é muito bem ambientada e a atmosfera me envolveu completamente. lá pela metade, ficou tudo meio repetitivo e fui perdendo o interesse de saber o que ia acontecer. no final, animei de novo e terminei de uma vez kkkkk não sei bem o que pensar. é um livro interessante, eu gostei do que li e é com essa ideia que vou ficar.
July 5, 2022
Esse livro não só trás a tona a voz de rua da periferia de Porto Alegre (que na verdade poderia ser qualquer outra brasileira), como aborda uma crítica a construção social e a luta de classes. Nos mostra uma realidade cruel, por vezes idealizada, ou até fantasiosa, de maneira muito fluida. História meio dolorida meio engraçada que te prende do começo ao fim. Não queria largar mais.
March 9, 2021
Um dos romances que irão marcar uma época, um dos melhores livros de 2020 que li.
O livro é marcado por um enredo muito bem construído, que permite uma leitura fluída, e personagens marcantes. Impossível, ao final da leitura, você não ficar marcado pela história dos Supridores de Porto Alegre, Pedro (Cabide), Luan (Chokito) e Marques.
Além disso, em um pano de fundo muito rico, temos uma das melhores explicações sobre teoria da mais valia e exploração que já li. É um retrato da quebrada pensante, uma puta reflexão sobre desigualdade social, pobreza e vulnerabilidade social. Sentimentos o peso da existência da quebrada e também refletimos sobre o sistema junto com os personagens, ao longo de sua jornada pessoal para vencer a exclusão social.
Me senti em um breaking bad curitibano, menos individualista e mais social, como os problemas do Brasil, que apesar de serem onipresentes, tem classe e raça em seu peso maior. Dá uma série maravilhosa, espero em breve a Netfliz, Amazon ou outro estúdio adquiram os direitos e transportem esse livro para a telona.
O livro é marcado por um enredo muito bem construído, que permite uma leitura fluída, e personagens marcantes. Impossível, ao final da leitura, você não ficar marcado pela história dos Supridores de Porto Alegre, Pedro (Cabide), Luan (Chokito) e Marques.
Além disso, em um pano de fundo muito rico, temos uma das melhores explicações sobre teoria da mais valia e exploração que já li. É um retrato da quebrada pensante, uma puta reflexão sobre desigualdade social, pobreza e vulnerabilidade social. Sentimentos o peso da existência da quebrada e também refletimos sobre o sistema junto com os personagens, ao longo de sua jornada pessoal para vencer a exclusão social.
Me senti em um breaking bad curitibano, menos individualista e mais social, como os problemas do Brasil, que apesar de serem onipresentes, tem classe e raça em seu peso maior. Dá uma série maravilhosa, espero em breve a Netfliz, Amazon ou outro estúdio adquiram os direitos e transportem esse livro para a telona.
September 13, 2021
Me senti estrangeiro na Porto Alegre dos personagens de Jose Falero, parece que fui transportado pros bairros que conhecia apenas pelo letreiros dos ônibus, dessa visita saí com o sentimento de que o Brasil desperdiça muita gente, fiquei triste, mas ao mesmo tempo esperançoso, pois acredito que essas pessoas não vão mais aceitar passar a vida em branco.
Read
November 29, 2023Leia a resenha de Andrea Maia (@andreamaiawonder), clubista que apresentou a obra em nosso 36�� Encontro (28 de abril de 2023).
O crime compensa? Você não vai achar uma resposta para esse questionamento em Os Supridores, primeiro romance do gaúcho José Falero, mas vai transitar pelo cotidiano de Pedro e Marques, dois jovens da periferia de Porto Alegre, que trabalham na reposição de produtos de um grande supermercado e que sonham em melhorar de vida. Quando percebem que não vão conseguir isso trabalhando, se unem na ideia de entrar para o tráfico de maconha na cidade.
Ao acompanhar a trajetória desses dois amigos, conseguimos conhecer um pouco da periferia de Porto Alegre e das agruras do que é ser jovem, pobre, sem muita perspectiva em uma sociedade opressora e com fácil acesso ao universo do tráfico, uma realidade comum a todas as regiões do nosso país.
Embora o contexto do livro possa parecer pesado, Falero conta essa história de uma forma leve e bem-humorada até nos momentos de maior tensão. Sempre na iminência de serem descobertos, dos pequenos aos grandes delitos, podemos acompanhar a jornada desses heróis e até torcer por eles de tão próximos que o avançar da leitura nos torna.
A precarização, exploração e desumanização do trabalho assalariado permeiam toda a narrativa, não como justificativa para a opção dos protagonistas, mas como reflexão e identificação presente na vida de qualquer pessoa que passa por esse processo.
Falero também coloca com maestria a linguagem comum da periferia de Porto Alegre nas falas dos personagens, uma espécie de dialeto, e mesmo que isso cause um estranhamento inicial para nós leitores, nos aproxima da realidade deles e nos apresenta um cenário factível para a história.
As relações familiares e de amizade, boas ou não, também estão bastante presentes e estimulam uma reflexão sobre as decisões que o meio em que vivemos nos provoca. Será que alguém nos leva para o mau caminho ou o nosso maior inimigo é mesmo o livre arbítrio diante das adversidades?
A fluidez do texto complementa a experiência de acompanhar (e por que não torcer por?) Pedro, Marques e os outros personagens que completam o grupo. À medida que avançamos, a leitura vale cada página e os momentos finais nos transportam para a mesma sensação do desfecho de um filme de suspense policial. Vale a pena conferir!
O crime compensa? Você não vai achar uma resposta para esse questionamento em Os Supridores, primeiro romance do gaúcho José Falero, mas vai transitar pelo cotidiano de Pedro e Marques, dois jovens da periferia de Porto Alegre, que trabalham na reposição de produtos de um grande supermercado e que sonham em melhorar de vida. Quando percebem que não vão conseguir isso trabalhando, se unem na ideia de entrar para o tráfico de maconha na cidade.
Ao acompanhar a trajetória desses dois amigos, conseguimos conhecer um pouco da periferia de Porto Alegre e das agruras do que é ser jovem, pobre, sem muita perspectiva em uma sociedade opressora e com fácil acesso ao universo do tráfico, uma realidade comum a todas as regiões do nosso país.
Embora o contexto do livro possa parecer pesado, Falero conta essa história de uma forma leve e bem-humorada até nos momentos de maior tensão. Sempre na iminência de serem descobertos, dos pequenos aos grandes delitos, podemos acompanhar a jornada desses heróis e até torcer por eles de tão próximos que o avançar da leitura nos torna.
A precarização, exploração e desumanização do trabalho assalariado permeiam toda a narrativa, não como justificativa para a opção dos protagonistas, mas como reflexão e identificação presente na vida de qualquer pessoa que passa por esse processo.
Falero também coloca com maestria a linguagem comum da periferia de Porto Alegre nas falas dos personagens, uma espécie de dialeto, e mesmo que isso cause um estranhamento inicial para nós leitores, nos aproxima da realidade deles e nos apresenta um cenário factível para a história.
As relações familiares e de amizade, boas ou não, também estão bastante presentes e estimulam uma reflexão sobre as decisões que o meio em que vivemos nos provoca. Será que alguém nos leva para o mau caminho ou o nosso maior inimigo é mesmo o livre arbítrio diante das adversidades?
A fluidez do texto complementa a experiência de acompanhar (e por que não torcer por?) Pedro, Marques e os outros personagens que completam o grupo. À medida que avançamos, a leitura vale cada página e os momentos finais nos transportam para a mesma sensação do desfecho de um filme de suspense policial. Vale a pena conferir!
May 25, 2023
Há muitos pontos positivos nesse romance de estreia de José Falero.
O primeiro é que é um livro muito difícil de largar. Depois que o leitor é ganho pela ideia mirabolante de Pedro, o (anti-)herói, não há mais volta. É um crescendo de suspense em que a gente quer descobrir de todo jeito aonde aquilo vai dar. Outro ponto bastante positivo é que Falero lança luz sobre personagens que nem sempre tem vez na literatura contemporânea brasileira e o faz sem um certo romantismo de outros escritores que oscilam entre a planificação ou a comiseração diante dessa classe que buscam amar, mas em quem temem se aprofundar muito com receio de descobrir algo com que não consigam lidar bem. Falero está tranquilo mostrando a face luminosa e a oculta dos desprivilegiados. Finalmente, as vozes são bem construídas no geral e, uma vez acostumados com a oralidade do narrador, tudo flui tranquilamente.
São pouco numerosos e pouco significativos os pontos negativos, mas eu diria que a preocupação por detalhar muito tempo e espaço acaba sendo enfadonha e desnecessária. Assim como existe um problema na voz do narrador que só vai aparecer no final, mas daí o livro já acabou mesmo e OK. Por fim, ocorre nesse livro, já que se pretende realista, algumas inconsistências materiais (isto é, em relação à realidade objetiva, "fora do universo narrativo").
No geral, um livro bastante bom, que poderia ser ainda melhor caso houve uma polida final da parte da editora.
Escolha do encontro de maio de 2023 do Clube de Ficcionistas, coletivo de leitura e escrita, a ser realizado dia 28, domingo, às 20h, pelo Meet. Participação gratuita.
O primeiro é que é um livro muito difícil de largar. Depois que o leitor é ganho pela ideia mirabolante de Pedro, o (anti-)herói, não há mais volta. É um crescendo de suspense em que a gente quer descobrir de todo jeito aonde aquilo vai dar. Outro ponto bastante positivo é que Falero lança luz sobre personagens que nem sempre tem vez na literatura contemporânea brasileira e o faz sem um certo romantismo de outros escritores que oscilam entre a planificação ou a comiseração diante dessa classe que buscam amar, mas em quem temem se aprofundar muito com receio de descobrir algo com que não consigam lidar bem. Falero está tranquilo mostrando a face luminosa e a oculta dos desprivilegiados. Finalmente, as vozes são bem construídas no geral e, uma vez acostumados com a oralidade do narrador, tudo flui tranquilamente.
São pouco numerosos e pouco significativos os pontos negativos, mas eu diria que a preocupação por detalhar muito tempo e espaço acaba sendo enfadonha e desnecessária. Assim como existe um problema na voz do narrador que só vai aparecer no final, mas daí o livro já acabou mesmo e OK. Por fim, ocorre nesse livro, já que se pretende realista, algumas inconsistências materiais (isto é, em relação à realidade objetiva, "fora do universo narrativo").
No geral, um livro bastante bom, que poderia ser ainda melhor caso houve uma polida final da parte da editora.
Escolha do encontro de maio de 2023 do Clube de Ficcionistas, coletivo de leitura e escrita, a ser realizado dia 28, domingo, às 20h, pelo Meet. Participação gratuita.
August 13, 2023
talvez o melhor que já li, falero brilhou demais aqui
cada relação, construção de personagem, ambientação aqui em poa
incrível, vivi dentro dele nesses últimos dias de um jeito que há tempos não experienciava
cada relação, construção de personagem, ambientação aqui em poa
incrível, vivi dentro dele nesses últimos dias de um jeito que há tempos não experienciava
October 19, 2022
magnífico
April 18, 2023
Uma dessas fábulas contemporâneas anti-meritocracia, mas com um humor e uma vibe um pouco "Sessão da Tarde" que torna a leitura mais divertida. Um "Capão Pecado" um pouco menos cruel.
February 10, 2024
Incrível! Um dos melhores livros que li na minha vida!
August 31, 2024
meu estômago quase saiu pela boca no penúltimo capítulo
4 e 1/2
4 e 1/2
May 8, 2022
A todos os meus amigos comunistas, um livro imperdível.
Se o marx tivesse vivo, seria o romance favorito dele
Se o marx tivesse vivo, seria o romance favorito dele
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