Tu rostro mañana Quotes

Rate this book
Clear rating
Tu rostro mañana Tu rostro mañana by Javier Marías
543 ratings, 4.35 average rating, 54 reviews
Open Preview
Tu rostro mañana Quotes Showing 1-26 of 26
“Nowadays, enormous importance is given to individual deaths, people make such a drama out of each person who dies, especially if they die a violent death or are murdered; although the subsequent grief or curse doesn't last very long: no one wears mourning any more and there's a reason for that, we're quick to weep but quicker still to forget. I'm talking about our countries, of course, it's not like that in other parts of the world, but what else can they do in a place where death is an everyday occurrence. Here, though, it's a big deal, at least at the moment it happens. So-and-so has died, how dreadful; such-and-such a number of people have been killed in a crash or blown to pieces, how terrible, how vile. The politicians have to rush around attending funerals and burials, taking care not to miss any-intense grief, or is it pride, requires them as ornaments, because they give no consolation nor can they, it's all to do with show, fuss, vanity and rank. The rank of the self-important, super-sensitive living. And yet, when you think about it, what right do we have, what is the point of complaining and making a tragedy out of something that happens to every living creature in order for it to become a dead creature? What is so terrible about something so supremely natural and ordinary? It happens in the best families, as you know, and has for centuries, and in the worst too, of course, at far more frequent intervals. What's more, it happens all the time and we know that perfectly well, even though we pretend to be surprised and frightened: count the dead who are mentioned on any TV news report, read the birth and death announcements in any newspaper, in a single city, Madrid, London, each list is a long one every day of the year; look at the obituaries, and although you'll find far fewer of them, because an infinitesimal minority are deemed to merit one, they're nevertheless there every morning. How many people die every weekend on the roads and how many have died in the innumerable battles that have been waged? The losses haven't always been published throughout history, in fact, almost never. People were more familiar with and more accepting of death, they accepted chance and luck, be it good or bad, they knew they were vulnerable to it at every moment; people came into the world and sometimes disappeared at once, that was normal, the infant mortality rate was extraordinarily high until eighty or even seventy years ago, as was death in childbirth, a woman might bid farewell to her child as soon as she saw its face, always assuming she had the will or the time to do so. Plagues were common and almost any illness could kill, illnesses we know nothing about now and whose names are unfamiliar; there were famines, endless wars, real wars that involved daily fighting, not sporadic engagements like now, and the generals didn't care about the losses, soldiers fell and that was that, they were only individuals to themselves, not even to their families, no family was spared the premature death of at least some of its members, that was the norm; those in power would look grim-faced, then carry out another levy, recruit more troops and send them to the front to continue dying in battle, and almost no one complained. People expected death, Jack, there wasn't so much panic about it, it was neither an insuperable calamity nor a terrible injustice; it was something that could happen and often did. We've become very soft, very thin-skinned, we think we should last forever. We ought to be accustomed to the temporary nature of things, but we're not. We insist on not being temporary, which is why it's so easy to frighten us, as you've seen, all one has to do is unsheathe a sword. And we're bound to be cowed when confronted by those who still see death, their own or other people's, as part and parcel of their job, as all in a day's work. When confronted by terrorists, for example, or by drug barons or multinational mafia men.”
Javier Marías, Your Face Tomorrow: Fever and Spear / Dance and Dream / Poison, Shadow, and Farewell
tags: death, fear
“Quién sabe quién nos sustituye y a quién sustituimos nosotros, sólo sabemos que sustituimos y se nos sustituye siempre, en todas las ocasiones y en todas las circunstancias y en cualquier desempeño y en todas partes, en el amor, la amistad, en el empleo y en la influencia, en la dominación, y en el odio que también mañana se cansará de nosotros, o pasado mañana o al otro o al otro.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“É espantoso como uma só gota de sangue que nem sequer cai - apenas assoma - pode delatar e mudar a vida de alguém por causo do sítio onde foi assomar, só por isso, o acaso pouco distingue.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“«Portanto não foi produto do acaso, nem da minha intuição, nem sequer da minha liberdade», podem pensar, «mas pelo contrário havia coerência e propósito em tudo quanto ia fazendo, que honra ficar a saber mas também que maldição. Porque agora não tenho outro remédio senão ater-me a isso e alcançar de todas as vezes esse malfadado nível para não desmerecer de mim mesmo, que desastre, que enorme esforço, e quanta desolação para o meu trabalho». E isso mesmo pode acontecer a qualquer um, ainda que nem o seu trabalho nem a sua personalidade sejam públicos, basta que oiça uma explicação plausível das suas inclinações ou do seu proceder, uma encantatória descrição dos seus actos ou uma análise do seu carácter, uma valoração do seu método - saber que isso existe, ou lhe é atribuído -, para que qualquer um perca o seu bendito rumo variável, imprevisível, incerto, e com isso a sua liberdade. Tendemos a pensar que há uma ordem oculta que desconhecemos e também uma trama da qual quisémos fazer parte consciente, e se desta vislumbramos um único episódio que nos dê azo ou assim o pareça, se percebemos que nos incorpora um instante na sua débil roda, então é fácil que já não saibamos voltar a ver-nos arrancados dessa trama entrevista, parcial, intuída - uma figuração -, nunca mais. Nada pior que procurar o sentido ou acreditar que o há. Ou então havê-lo-ia, pior ainda: acreditar que o sentido de uma coisa, ainda que seja do pormenor mais insignificante, dependerá de nós ou das nossas acções, do nosso propósito ou da nossa função, acreditar que há vontade, que há destino, e inclusivamente uma trabalhosa combinação de ambos. Acreditar que não nos devemos inteiramente ao mais errático e desmemoriado, divagatório e descabelado acaso, e que alguma coisa consequente se pode esperar de nós em virtude do que já demos ou fizemos, ontem ou anteontem. Acreditar que pode haver em nós coerência e deliberação, como o artista acredita que as há na sua obra ou o poderoso nas suas decisões, mas só uma vez que alguém os convenceu de que as há.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“Deixe-me perguntar-lhe uma coisa: até que ponto é o senhor capaz de deixar os princípios de lado? Quero dizer, até que ponto costuma o senhor? Prescindir disso, na teoria, não é verdade? Todos o fazemos de vez em quando, caso contrário não poderíamos viver: por conveniência, por medo, por necessidade. Por sacrifício, por generosidade. Por amor, por ódio. Em que medida costuma o senhor?”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“O riso une os homens desinteressadamente entre si, e entre si as mulheres, e o que estabelece entre mulheres e homens pode ser um vínculo ainda mais forte e retesado, uma união mais profunda, complexa e mais perigosa por mais duradoura ou com maior aspiração de durabilidade. O duradouro desinteressado acaba por se rarefazer, às vezes por se tornar feio e difícil de tolerar, alguém tem de estar em dívida a longo prazo e só assim as coisas marcham, um ou outro um pouco mais, e a entrega e a abnegação e o mérito podem ser um caminho seguro para tomar posse do lugar do credor. Assim me ri com Luisa em oportunidades sem fim, breve e inesperadamente, vendo a graça os dois no mesmo sem acordo prévio, os dois brevemente ao mesmo tempo. Também com outras mulheres, a primeira a minha irmã; e umas poucas mais. A qualidade desse riso, a sua espontaneidade (a sua simultaneidade com o meu, talvez), fizeram-me saber e aproximar-me ou então descartar de imediato, e algumas mulheres vi-as aí na sua totalidade antes de as conhecer, quase sem falar, sem ser olhado e quase sem olhar. Uma leve dilação, em contrapartida, ou a suspeita de mimetismo, de complacente res- posta ao meu estímulo ou à minha indicação, a percepção de um riso educado ou oferecido para lisonjear, o que não é de todo desinteressado e é acicatado pela vontade, o que não tanto ri como quer rir ou se presta ou anseia ou ainda condescende em rir, desse afastei-me muito depressa ou atribuí-lhe um lugar secundário, só de acompanhamento, ou até de cortejo em épocas minhas de debilidade. Ao passo que a esse outro riso, ao de Luisa, ao que se adianta quase, ao da minha irmã, ao que nos envolve, ao da jovem Pérez Nuix, ao que se confunde com o nosso próprio e nada tem de deliberação mas de esquecimento de nós dois (mas em contrapartida todo de desprendimento e gratuitidade e de nivelamento), a esse dei-lhe habitualmente um lugar principal que depois se revelou ser duradouro ou não, perigoso às vezes, e a longo prazo (quando o houve longo) difícil de tolerar sem que aparecesse ou se interpusesse uma pequena dívida simbólica ou real. Mas suportam-se ainda menos a ausência ou a diminuição desse riso, e isso por sua vez trá-lo sempre, um ou o outro, no dia em que calha endividar-se um pouco mais, um dos dois um pouco mais. (...) quando alguém no-lo retira é sinal de que não há mais nada a fazer. Esse riso desarma. Desarma com as mulheres, e de modo diferente com os homens também. Desejei mulheres tão-somente por causa do seu riso, intensamente, habitualmente elas viram-no. E às vezes soube quem era alguém só por o ouvir ou por nunca o ouvir, o riso inesperado e breve, e até o que ia acontecer ou haver entre esse alguém e eu, se amizade ou conflito ou aborrecimento ou nada, não me enganei muito, pode ter tardado mas acabou por acontecer, e aliás está-se sempre a tempo enquanto não se morra ou não morramos esse alguém nem eu.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“Ser eleito não vacina contra ser também um ditador.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“- A verdade, a verdade. A verdade é o que sucede, a verdade é quando acontece, como querem que vo-la diga agora. Antes de suceder não se conhece.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“E que não precisam de motivo nem meta para nada disso (cometer um acto gravoso), de finalidade nem causa, de agradecimento nem agravo ou não sempre (...) têm as suas probabilidades no interior das veias e é só uma questão de tempo, de tentações e circunstâncias que por fim as conduzam à sua concretização.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“Há pessoas cujos móbiles não merecem a indagação, ainda que as tenham levado a cometer actos terríveis ou precisamente por isso. Isto, bem sei, vai totalmente contra a tendência actual. Hoje em dia toda a gente se interroga sobre o que leva um assassino reiterado ou maciço a assassinar maciça ou reiteradamente, um coleccionador de violações a aumentar continuamente a sua colecção, um terrorista a desprezar todas as vidas em nome de uma primitiva causa e acabar com o maior número possível delas, um tirano a tiranizar sem limites, um torturador a torturar sem limites, quer o faça burocrática, quer sadicamente. Há uma obsessão por compreender o odioso, no fundo há uma malsã fascinação por isso, e com isto faz-se um imenso favor aos odiosos. Eu não partilho essa curiosidade infinita do nosso tempo pelo que em nenhum caso tem justificação, ainda que se lhe encontrassem mil explicações diferentes, psicológicas, sociológicas, biográficas, religiosas, históricas, culturais, patrióticas, políticas, idiossincráticas, económicas, antropológicas, vem a dar no mesmo. Eu não posso perder o meu tempo a indagar sobre o que é mau e pernicioso, o seu interesse é sempre mediano no melhor dos casos e amiúde nulo, garanto-te, vi muita coisa. O mal costuma ser simples, embora às vezes não tão simples, se fores capaz de apreciar o cambiante. Mas há indagações que mancham, e até as há que contagiam sem dar nada de valioso em troca. Hoje existe um gosto de se expor ao mais baixo e vil, ao monstruoso e ao aberrante, por assomar a contemplar o infra-humano e por o roçar como se tivesse prestígio ou graça e maior importância que os cem mil conflitos que nos assediam sem cair nisso.

Também há nesta atitude um elemento de soberba, mais um: mergulha na anomalia, no repugnante e mesquinho como se a nossa norma fosse a do respeito e da generosidade e da rectidão e houvesse que analisar microscopicamente tudo quanto sai desta: como se a má-fé e a traição, a malquerença e a vontade de fazer mal não fizessem parte dessa norma e fossem coisas excepcionais, e merecessem por isso todos os nossos desvelos e a nossa maior atenção. E não é assim. Tudo isso faz parte da norma e não tem mistério por aí além, não maior que a boa-fé. Mas esta época está devotada à tolice, ao óbvio e ao supérfluo, a assim nos corre a vida. As coisas deviam ser antes ao contrário: há acções tão abomináveis ou tão desprezíveis que a sua mera comissão devia anular qualquer curiosidade possível pelos que as cometem, e não criá-la nem suscitá-la, como tão imbecilmente sucede hoje. E assim foi no meu caso, apesar de ser o meu caso, a minha vida. O que aquele velho amigo fez comigo era tão injustificável, e tão inadmissível e grave do ponto de vista da amizade, que todo ele deixou de me interessar de imediato: o seu presente, o seu futuro e também o seu passado, embora nele estivesse eu. Já não precisava de saber mais, nem tão-pouco estava disposto a isso.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“(...) naqueles dias de suspicácia aguda como álibi para o assassínio supérfluo.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“Sim, até essa camada de rendição e angústia ou de premonição admite essa perplexidade, essa surpresa. Mas não a mais funda que quase nunca alcançamos, a que habita no reverso do tempo e não se ilude nem se equivoca, a que se confunde com medo ou adopta o seu disfarce, o do medo, e não lhe damos ouvidos por isso, para que o temor não nos governe e nos dite os passos e nos leve a sucumbir sob o temido ou a propiciá-lo.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“Que estranha inclinação temos para a confiança?
Ou talvez não seja para isso, mas para não querer ver nem ficar a saber, ou para o optimismo ou para o consentido engano, ou é soberba que nos leva a crer que a nós não nos vai acontecer o que acontece e sempre aconteceu aos nossos iguais, ou que vamos ser respeitados por aqueles que já - e diante dos nossos olhos - foram desleais com outros, como se fôssemos diferentes destes, e que nos induz a pensar sem motivo que estaremos a salvo dos reveses sofridos pelos nossos antepassados e mesmo das decepções que atingem os nossos contemporâneos: aos que não são "eu", suponho, a todos quantos não o são nem o serão nem o foram. Vivemos, suponho, com a esperança inconfessa de que alguma vez se quebrem as regras e o curso e o costume e a história, e de que isso de dê em nós, na nossa experiência, de que seja a nós - quer dizer, a mim só - que calhe vê-lo. Aspiramos sempre, suponho, a sermos os eleitos, e é improvável que de outra maneira estivéssemos muito dispostos a percorrer o trajecto de uma vida inteira, que curta ou comprida nos vai rendendo.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“Ainda bem que a minha consciência tem muitíssimo arcaboiço.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“(...) sou tão egoísta e miserável e cobarde como sabia que era, mas sabê-lo não é o mesmo que contemplá-lo, e ver que tem as suas consequências.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“Nada peor que buscar el sentido o creer que lo hay. O sí lo habría, aún peor: creer que el sentido de algo, aunque sea del detalle más nimio, dependerá de nosotros o de nuestras acciones, de nuestro propósito o nuestra función, creer que hay voluntad, que hay destino, e incluso una trabajosa combinación de ambos.”
Javier Marías, Your Face Tomorrow: Fever and Spear / Dance and Dream / Poison, Shadow, and Farewell
“(...) no olho arbitrário que sempre nos fita ou no ouvido selectivo e enviesado que nos escuta (...)”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“Contar é quase sempre um presente, mesmo quando a história contém e injecta veneno; é também um vínculo e outorga de confiança, e rara é a confiança que antes ou depois não se atraiçoa, raro o vínculo que não se enreda e embaraça, e assim acaba por apertar e há que puxar de navalha ou gume para o cortar.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“(...) às vezes acontece-nos isso com o que se nega ou se cala, com o que se guarda e sepulta, vai-se esfumando sem remédio e chegamos a descrer que na realidade existisse ou se desse, tendemos a desconfiar incrivelmente das nossas percepções quando já são passado e não se vêem confirmadas nem ratificadas de fora por ninguém, renegamos da nossa memória às vezes e acabamos por contar a nós próprios inexactas versões daquilo que presenciámos, não confiamos como testemunhas nem em nós próprios, submetemos tudo a traduções, fazemo-las dos nossos nítidos actos e nem sempre são fiéis, para que assim os actos comecem a ser indistintos, e por fim entregamo-nos e damo-nos à interpretação perpétua, até do que nos consta e sabemos de ciência certa, e assim fazemo-lo flutuar instável, impreciso, e nunca nada está fixado nem nunca é definitivo e tudo nos baila até ao fim dos dias, talvez se dê o caso de praticamente não suportarmos as certezas, nem sequer as que nos convêm e reconfortam, para já não falar das que nos desagradam ou nos questionam ou doem, ninguém se quer transformar nisso, na sua própria dor e sua lança e sua febre.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
tags: vol-1
“a veces nos sucede eso con lo que se niega o se calla, con lo que se guarda y se sepulta, va difuminándose sin remedio y llegamos a descreer que en verdad existiera o se diera, tendemos a desconfiar increíblemente de nuestras percepciones cuando ya son pasado y no se ven confirmadas ni ratificadas desde fuera por nadie, renegamos de nuestra memoria a veces y acabamos por contarnos inexactas versiones de lo que presenciamos, no nos fiamos como testigos ni de nosotros mismos, sometemos todo a traducciones, las hacemos de nuestros nítidos actos y no siempre son fieles, para que así los actos empiecen a ser borrosos, y al final nos entregamos y damos a la interpretación perpetua, hasta de lo que nos consta y sabemos a ciencia cierta, y así lo hacemos flotar inestable, impreciso, y nada está nunca fijado ni es definitivo nunca y todo nos baila hasta el fin de los días, quizá es que no soportamos las certezas apenas, ni siquiera las que nos convienen y reconfortan, no digamos las que nos desagradan o cuestionan, o duelen, nadie quiere convertirse en eso, en su propio dolor y su lanza y su fiebre.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“No debería uno contar nunca nada, ni dar datos ni aportar historias ni hacer que la gente recuerde a seres que jamás han existido ni pisado la tierra o cruzado el mundo, o que sí pasaron pero estaban ya medio a salvo en el tuerto e inseguro olvido. Contar es casi siempre un regalo, incluso cuando lleva e inyecta veneno el cuento, también es un vínculo y otorgar confianza, y rara es la confianza que antes o después no se traiciona, raro el vínculo que no se enreda o anuda, y así acaba apretando y hay que tirar de navaja o filo para cortarlo.”
Javier Marías, Tu rostro mañana
“You’ll always get the kind of person who watches himself acting, who
sees himself as if in some continuous performance. Who believes there’ll be witnesses to report his generous or
contemptible death and that this is what matters most. Or who, if there
are no witnesses, invents them — the eye of God, the world stage,
or whatever. Who believes that the world only exists to the extent that it’s reported and events only to the extent that they’re
recounted, even though it’s highly unlikely that anyone will
bother to recount them, or to recount those particular facts, I
mean, the facts relating to each individual. The vast majority
of things simply happen and there neither is nor ever was any
record of them, those we hear about are an infinitesimal fraction
of what goes on. Most lives and, needless to say, most deaths, are
forgotten as soon as they’ve occurred and leave not the slightest
trace, or become unknown soon afterwards, after a few years, a
few decades, a century, which, as you know, is, in reality, a very
short time. Take battles, for example, think how important they
were for those who took part in them and, sometimes, for their
compatriots, think how many of those battles now mean nothing to us, not even their names, we don’t even know which war
they belonged to, more than that, we don’t care. What do the
names Ulundi and Beersheba, or Gravelotte and Rezonville, or
Namur, or Maiwand, Paardeberg and Mafeking, or Mohacs, or
Nájera, mean to anyone nowadays?’ — He mispronounced that
last name, Nájera. — ‘But there are many others who resist, incapable of accepting their own insignificance or invisibility, I
mean once they’re dead and converted into past matter, once
they’re no longer present to defend their existence and to declare: “Hey, I’m here. I can intervene, I have influence, I can do
good or cause harm, save or destroy, and even change the course
of the world, because I haven’t yet disappeared.” — ‘I’m still here,
therefore I must have been here before,”
Javier Marías, Your Face Tomorrow: Fever and Spear / Dance and Dream / Poison, Shadow, and Farewell
“People believe what they want to believe, and that's why it's only logical-and so easy-that everything should have its time to be believed”
Javier Marías, Your Face Tomorrow: Fever and Spear / Dance and Dream / Poison, Shadow, and Farewell
“People say it far too much, 'I'll be eternally grateful' is one of the most vacuous statements ever uttered and yet one hears it often, always with that unvarying epithet, always that same irresponsible 'eternally', another clue to its absolute lack of reality, or truth or meaning”
Javier Marías, Your Face Tomorrow: Fever and Spear / Dance and Dream / Poison, Shadow, and Farewell
“You're too much a man of your time, Jack, and that's the worst thing to be, because it's hard if you always feel other people's suffering, there's no room for manoeuver when everyone agrees and sees things the same way and gives importance to the same things, and the same things are deemed serious or insignificant. There's no light, no breathing space, no ventilation in unanimity, nor in shared commonplaces. You have to escape from that in order to live better, more comfortably. More honestly too, without feeling trapped in the time in which you were born and in which you'll die, there's nothing more oppressive, nothing so clouds the issue as that particular stamp.”
Javier Marías, Your Face Tomorrow: Fever and Spear / Dance and Dream / Poison, Shadow, and Farewell
“How can I not know today your face tomorrow, the face that is there already or is being forged beneath the face you show me or beneath the mask you are wearing, and which you will only show me when I am least expecting it?”
Javier Marías, Your Face Tomorrow: Fever and Spear / Dance and Dream / Poison, Shadow, and Farewell