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Maria Teresa Horta Maria Teresa Horta > Quotes

 

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“De mim, afinal, o que quereis? Porque eu, senhor poeta, de mim pretendo tudo.”
Maria Teresa Horta, As Luzes de Leonor
“A teimar eu na liberdade e em privilegiar o pensamento e os versos, na tentativa de dominar e comandar o corpo que inutilmente me esforço por enganar nas suas exigências naturais, ao reconhecer o grande sossego que a frieza e a razão sempre trazem consigo, em detrimento do meu coração que na inquietude se esmera.”
Maria Teresa Horta, As Luzes de Leonor
“Todo o colo
me faz lembrar
as tuas pernas

O côncavo macio
das tuas coxas

Onde ainda hoje
eu poderia
procurar o sono e o susto”
Maria Teresa Horta, Poesia Reunida
tags: amor, colo, tu
“Que vergonha, senhor meu Pai, para um país com tantas glórias como o nosso!”
Maria Teresa Horta, As Luzes de Leonor
“A brasa do teu corpo

a queimar a palma
acesa
da mão do meu desejo”
Maria Teresa Horta, Antologia de Contos / Só de Amor
“Instintivamente acaricia o velo de cedro penumbroso, bosque arruivado a ensombrar-lhe o cimo das coxas; curva-se de novo e, admirada, vai tão longe quanto pode na abordagem tímida dos lábios de anil da molhada boca do seu ventre. A separá-los: penetrando, afagando-os, a sentir os dedos numa humidade lenta, um orvalho dolente, uma resina turva.
Ali, onde há sucos e gosto sem ferida.
Ali, onde há fenda, há céu, há mar.
Mato de se perder na busca da vertigem no assombro da ousadia do acto; gosto e travo a rosa insatisfeita, odor de chuva, de cardo, de almíscar. Perfume de nardo a desatar-lhe os nervos, enquanto persegue o improvável mapa do delírio: mais acima a mina, e logo abaixo o poço.
Modorra de papoila a florescer no alto, a entumescer ao tacto.
Prazer diverso e gozo que a muda, e ela transgride, voa, cresce. E tanto no clítoris como na vulva, o bordado a cheio vai-se enredando, matizando, demorando nas caprochosas cores, nos desenhos, nas misteriosas linhas de agulha onde se enleia. Veia que o fogo entorna, toma e incendeia. Na procura do êxtase.
E Leonor ondeia.
Rola enovelada em cima do leito onde se distende, roda e cede a galgar o parapeito de si própria, deixando a razão apagada à cabeceira.
Rodopia.
Resvala.
Mãos descendo e subindo, indo e vindo, na descoberta dos desvãos, do topo, dos secretos recantos de segredo, em todos os lugares e tempos que o orgasmo guarda.
Entorna.
Derrama.
Grita e explode.
Gemendo sob o pulso que lhe amordaça a fala pelo próprio avesso. Assim leve, assim solta, assim livre. Leonor corre, voa, nada, desvenda.
E finalmente foge.
Consigo mesma.”
Maria Teresa Horta, As Luzes de Leonor
“​És um oprimido neste país, ó amor.”
Maria Teresa Horta, As Luzes de Leonor
“ENQUANTO CALAS

Enquanto calas
dobas o medo
que te cresce na fala

E a solidão bordas
a ponto de silêncio”
Maria Teresa Horta, Poesia Reunida
“Gozo V

Vigilante a crueldade
no meu ventre

A fenda atenta
e voraz
que devora o que é
dormente

a febre que a boca
empresta
a vela que empurra o vento

a vara que fende
a carne

a crueldade que entende
o grito sobre o orgasmo
que me prende e me desprende”
Maria Teresa Horta, Poesia Reunida
“Mulheres de Abril
somos
mãos unidas

certeza já acesa
em todas
nós

Juntas formamos
fileiras
decididas

ninguém calará
a nossa
voz

Mulheres de Abril
somos
mãos unidas

na construção
operária
do país

Nos ventres férteis
a vontade
erguida

de um Portugal
que o povo
quis”
Maria Teresa Horta, Poesia Reunida
“Gozo I

Linho dos ombros
ao tacto
já tecido

Túnica branda
cingida sobre as
espáduas

Os rins despidos
no fato já subido:
as tuas mãos abrindo a madrugada

Linho dos seios
na roca dos sentidos
a seda lenta sedenta na garganta

a lã da boca
cardada
no gemido

e nos joelhos a sede
que os abranda

Linho das ancas
bordado
de torpor

a boca espessa
o fuso da garganta”
Maria Teresa Horta, Poesia Reunida
“Passei pelos lugares/ que inventámos/// o mar/ o gesto/ o parapeito/// mas não encontrei/ o sol/ nem o recanto em seu espanto/// nem o motivo/ o vitral/ nem a chama que colhemos/// Apenas a estrada me indicava/ a rota das mãos que a não tocavam”
Maria Teresa Horta, Minha Senhora de Mim
“Da tua voz
o corpo
o tempo já vencido

os dedos
que me vogam
nos cabelos

e os lábios a roçar-me a boca
nesta mansa tontura
de nunca tê-los

Meu amor
que quartos na memória
não ocupamos nós
se não partimos...

Mas porque assim te invento
e já te troco as horas
vou passando dos teus braços que não sei

para o vácuo em que me deixas
se demoras
nesta mansa certeza que não vens”
Maria Teresa Horta, As Palavras do Corpo
tags: a-voz
“(Quantas vezes já lhe falei do medo que tenho da loucura?
Quantas?)”
Maria Teresa Horta, Ema
“Educação sentimental

Põe devagar os dedos
devagar...

e sobe devagar
até ao cimo

o suco lento que sentes
escorregar
é o suor das grutas
o seu vinho

Contorna o poço
aí tens de parar
descer, talvez
tomar outro caminho...

Mas põe os dedos
e sobe devagar...

Não tenhas medo
daquilo que te ensino”
Maria Teresa Horta, Poesia Reunida