Por anos a fio, desde a publicação em 1851 de "Moby Dick" — obra-prima do escritor norte-americano Herman Melville —, o Capitão Ahab figura, nos grandes círculos de debates, como o protagonista inegável deste que é um dos principais romances da Literatura mundial. Em seu adorável ensaio "O narrador injustiçado", o escritor e professor mineiro Bernardo E. Lopes questiona essa tendência interpretativa ao girar os holofotes em direção à forte voz de Ismael, personagem que se encarrega de narrar a maior parte dos eventos do livro. Bernardo elenca e explicita diversos momentos da narrativa sobre a Baleia Branca que devolvem a Ismael um brilho tão frequentemente ofuscado, aspectos que caracterizam muito do humor irônico, da graça e da audácia de um dos livros mais importantes, mais filosóficos e mais divertidos de todos os tempos.
Bernardo E. Lopes é autor de "O que disse o Imperador", "Dona" (publicado também em inglês) e "Debutante", e é o primeiro presidente da Academia de Ciências e Letras de Sabará, sua cidade natal, em Minas Gerais.